sexta-feira, 3 de agosto de 2012

ARTASHIYATA (? - 336 a.C.)

Após Orontes, o próximo sátrapa da Armênia atestado pelas fontes antigas é o persa Artashyata que veio a se tornar o rei do Império Persa:  Dario III Codomano.  Ele foi o último rei do Império Aquemênida da Pérsia, o qual governou de 336 a 330 a.C. Foi sob seu reinado que o Império Persa foi conquistado por Alexandre, o Grande, rei da Macedônia. São poucas as fontes orientais (textos, monumentos, etc.) sobre Dario III advindo as informações sobre sua vida e carreira dos autores clássicos principalmente quando escrevem sobre Alexandre, o Grande. As fontes babilônicas dão seu nome originário como Ar-ta-shá-a-ta/u (provavelmente derivado do antigo persa Artashiyāta, “feliz em Arta”). As fontes clássicas a partir de Justino dão seu nome antes da ascensão ao trono como Codomano; daí ele ser comumente referido como Dario III Codomano na literatura histórica. O pai de Artashiyāta/Dario era o príncipe Arsames que era filho do príncipe Ostanes, irmão do rei Artaxerxes II e filho do rei Dario II. Sua mãe era Sisigambis, filha de Artaxerxes II e irmã de Artaxerxes III. A esposa de Dario III foi Estatira que tinha fama de ser a mulher mais bela da Ásia. Segundo Juniano Justino ela era também sua irmã.
O ator Raz Degan interpreta Dario III no filme Alexandre (2004).
 Com Estatira, Dario III teve duas filhas, Estatira, que casou-se com Alexandre, o Grande, e Dripetis, que casou-se com o general macedônio Heféstion. Teve também um filho, Oco, que tinha seis anos quando foi capturado por Alexandre em 333. Parece ter tido uma filha de um casamento anterior cujo marido, Mitrídates, morreu lutando contra os gregos e um filho, Ariobarzanes, a quem Dario executou por traição. Antes de ser rei, Artashiyata destacara-se na campanha do rei Artaxerxes III contra os cadúsios. Era sátrapa da Armênia. Em algum tempo indeterminado Artashiyata foi provavelmente responsável pelo "serviço postal real", uma posição exaltada, talvez a mesmo que é atribuída ao grande Parnaka nos tabletes de Persépolis. Plutarco (Moralia 326F) chamou-o tanto de mensageiro (usando a palavra persa astandes) como de escravo (como em outras fontes); ele foi, portanto, um bandaka (servidor) do rei no serviço público. Após a ascensão de Arses, ele foi um dos "amigos" do rei na corte e pode ser nessa altura que ele tenha sido promovido de sua satrápia ao serviço postal. Todavia, ele pode de fato já ter sido elevado a essa posição por Artaxerxes III Oco talvez em cerca de 340 quando ele se casou com a princesa real Estatira. A imagem mais conhecida de Dario III nos foi transmitida no célebre Mosaico de Alexandre de Pompéia de cerca de 100 a.C.
Em 338 a.C. Artaxerxes III morreu, seja por assassinato (Diodoro Sículo) ou por causas naturais (o tablete BM 71537). O general Bagoas, após eliminar os demais herdeiros, instalou o filho caçuça do rei, Arses, no trono como um rei fantoche, o qual adotou o nome real de Artaxerxes (IV). Segundo a versão clássica, quando Bagoas percebeu que Arses não poderia mais ser controlado, Bagoas também o assassinou (336 a.C.) instalando no trono a Codomano, o mensageiro real, que era aquemênida e destacado militar. A situação pode ser mais complexa do que nos legou a tradição clássica. Embora curto, o reinado de Artaxerxes IV Arses (338-336) assinala o declínio do Império Persa, não obstante os esforços de Artaxerxes III. Há indícios de rebeliões no Egito e na Babilônia e um crescente antagonismo dos greco-macedônios contra os persas. Possivelmente, a alta nobreza persa se ressentia de ver o comandante supremo do Império ser um jovem manipulado por um eunuco. Artashiyata, aquemênida, servidor real e destacado guerreiro desponta como uma opção mais viável para salvar o Império, principalmente quando em 336, Filipe II, rei da Macedônia, ordena a invasão da Ásia Menor pelas forças do general Parmênion. Segundo a Profecia Dinástica, Artashiyata marchou para Persépolis e tomou o trono, certamente respaldado por Bagoas e pela nobreza persa. Artashiyata, aos 46 anos, se tornou o Grande Rei e assumiu o nome de Darayavaush, isto é, Dario. Abaixo, reconstrução do palácio de Persépolis. Como sátrapa da Armênia em lugar de Dario III assumiu Ervand, mais conhecido como Orontes II.
Bagoas que deve ter pensado que o recém-chegado deveria por sua confiança plena nele, mas Dario III rapidamente demonstrou sua independência em relação a Bagoas, o qual percebendo que também não poderia controlar o novo rei, buscou eliminá-lo. Bagoas tentou envenenar Dario, que advertido previamente, forçou Bagoas a beber o próprio veneno. Embora tenha suprimido as insurreições no Egito e na Babilônia, o novo rei encontrou-se no controle de um império instável, com províncias governadas por sátrapas ciumentos e não confiáveis e permeado por indivíduos descontentes e rebeldes, como Khabash no Egito. Não obstante sua carreira militar, Dario tinha uma clara falta de experiência para governar um império e uma prévia falta de ambição para o fazer. Segundo o historiador Hermann Bengtson (History of Greece from the Beginnings to the Byzantine Era, pg. 205), Dario foi um governante sem o talento e as qualidades necessárias que a administração de um vasto e complexo império como persa requeria, principalmente, durante esse período de crise.  Em 336 Felipe II foi autorizado pela Liga de Corinto como seu hegemon (comandante supremo) para iniciar uma guerra sagrada de vingança dos gregos contra os persas por estes terem profanado e queimado os templos gregos durante a segunda invasão persa (480-479 a.C.) sob Xerxes I. Felipe enviou uma expedição militar para a Ásia Menor sob o comando de seus generais Parmênion e Átalo para "libertar" os gregos que viviam sob o domínio persa. Após eles terem tomado as cidades gregas da Ásia de Tróia até o rio Meandro, Felipe foi assassinado e sua campanha foi suspensa enquanto seu jovem herdeiro, Alexandre III, consolidava seu controle sobre Macedônia e Grécia. Abaixo, moeda de Dario III.
Na primavera de 334, Alexandre III, mais conhecido como Alexandre, o Grande, ou Alexandre Magno, após ter sido confirmado como hegemon pela Liga de Corinto, invadiu a Ásia Menor, à frente de um exército combinado de gregos e macedônios que foi vitorioso sobre as forças persas desde o início. Os efeitos imediatos do início da campanha de Alexandre foram o livramento das cidades gregas na Jônia e na Ásia Menor e o estabelecimento de uma cabeça de ponte para futuras campanhas contra o Império Persa. Isso permitiu a captura de recursos persas nas fortalezas existentes no norte da Ásia Menor, fortalecendo o abastecimento dos gregos. Cerca de um ano depois aconteceu a Batalha de Isso (333 a.C.) na qual Dario foi derrotado e conseguiu escapar antes que da batalha acabar. Os historiadores gregos foram rápidos em acusá-lo de covardia, embora bravura seja sua melhor qualidade certificada. É mais provável que ele tenha compreendido que a única chance de salvar o reino estava em salvar a si mesmo; se ele tivesse morrido, não havia sucessor plausível que poderia comandar legitimamente e conduzir a resistência à invasão. Na fuga Dario III deixou para trás seu carro, seu arco, e seu manto real, todos os quais foram posteriormente recolhidos por Alexandre e ainda deixou para trás sua mãe, esposa e filhas, as quais Alexandre tratou magnanimamente reconhecendo a dignidade real da família de Dario, embora de fato, fossem reféns. Abaixo, o célebre mosaico de Pompéia que retrata o episódio emblemático batalha de Isso: a retirada de Dario e sua perseguição por Alexandre.
Cada vez mais com seu governo e domínios combalidos, o antigo sátrapa da Armênia tentou negociações infrutíferas com Alexandre sobre uma espécie de partilha do Império Persa entre os dois monarcas. Mas, o Conquistador macedônio estava disposto a fazer do restante do Império Persa parte de seus domínios. A batalha decisiva se deu em outubro de 331 a.C. em Gaugamela. Embora as tropas persas excedessem a dos greco-macedônios em 5 x 1, Alexandre infligiu uma terrível derrota sobre Dario: O grande exército persa, formado por contingentes de vários povos, fora esmagado. Dario, em seguida, fugiu para Ecbátana, antiga capital da Média e atual Hamadan no Irã e tentava levantar um terceiro exército, enquanto Alexandre se volta para a Mesopotâmia para consolidar seus domínios. Ele tomou as principais cidades do Império Persa enquanto Dario fugia mais para o Oriente. Vendo a causa do rei perdida, alguns nobres persas conspiraram contra Dario e o aprisionaram. Besso, líder da conspiração, se proclamou o novo rei da Pérsia. Com a aproximação do exército de Alexandre, os conspiradores entraram em pânico e  na sua fuga mataram  a Dario em julho 330 a.C. Quando o Conquistador macedônio encontrou o cadáver de Dario, lamentou a morte do Grande Rei e estendeu seu manto real sobre seu corpo e o enviou para sua mãe, Sisigâmbis, em Persépolis onde Dario recebeu um funeral com todas as honrarias. Cogita-se que foi sepultado no túmulo de Artaxerxes III Oco (358 – 343 a.C.) em Naqš-i Rustam onde estavam sepultados os reis aquemênidas. Assim morreu Artashyata, ex-sátrapa da Armênia e o último soberano da dinastia aquemênida a governar a Pérsia. e que governara a Armênia.. Para se saber mais sobre Dario III e os demais reis da dinastia aquemênida da Pérsia veja-se o blog Os Aquemênidas (http://osaquemenidas.blogspot.com.br/)

FONTES:
http://osaquemenidas.blogspot.com.br/2010/03/dario-iii-336-330-ac.html
http://osaquemenidas.blogspot.com.br/2010/03/dario-iii-336-330-ac-parte-ii.html
http://osaquemenidas.blogspot.com.br/2010/03/dario-iii-336-330-ac-parte-iii.html

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