quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

TIRIDATES III (287 – 330 a.C.)

Tiridates III (em armênio Trdat G [Տրդատ Գ]) viveu de 250 e 330 e foi um rei arsácida da Armênia (287-330), sendo também conhecido como  Tiridates, o Grande (Տրդատ Մեծ, Trdat Mets). Alguns estudiosos incorretamente se referem a ele como Tiridates IV considerando o fato de que Tiridates I reinou duas vezes (54-60 e 63-88 d.C.). Em 301, Tiridates proclamou o cristianismo como a religião oficial da Armênia, fazendo do reino armênio o primeiro Estado a abraçar o cristianismo oficialmente. Com ele a dinastia arsácida retomou o trono armênio após mais de trinta anos de ocupação sassânida. 
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Tiridates III, o Grande: primeiro monarca a oficializar
 o cristianismo como religião do Estado
Tiridates III era filho de Khosrov II, rei da Armênia. Seu pai foi assassinado em 252 por Anak, um nobre parto, que agiu sob as ordens de Ardashir I, rei do Império Sassânida, que queria dominar a Armênia. Tiridates tinha um irmão cujo nome não se sabe e uma irmã, Khosrovidukht. Anak foi capturado e executado junto com a maioria de sua família pelos nobres armênios, sobrevivendo apenas seu filho que veio a tornar-se o célebre santo armênio Gregório, o Iluminador, que se refugiara em Cesaréia na Capadócia. Ardashir I tomou posse da Armênia e a tornou uma parte de seu império instituindo o persa Artavasdes IV como seu rei vassalo. As tropas leais a Khosrov II tomaram os filhos do rei e os retiraram do país: Tiridates, ainda um bebê, foi levado para Roma e Khosrovidukht foi levada para ser criada em Cesaréia Mazaca, Capadócia. Tiridates foi educado em Roma e era hábil em línguas e táticas militares e era altamente versado no direito romano. O historiador armênio Moisés de Chorene (Movses Khorenatsi) descreveu-o como um guerreiro valente e forte, que participou nas batalhas contra os inimigos. Ele pessoalmente conduziu o seu exército a vitórias em muitas batalhas.
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São Gregório, o Iluminador, filho do assassino do pai de Tiridates III
Em 270, o imperador romano Aureliano se entendeu com os persas sassânidas para que não avançassem sobre as terras romanas. No entanto, vários territórios que antes estavam sobre a influência de Roma jaziam sob o cetro sassânida, incluindo a Armênia. Tiridates, como o verdadeiro herdeiro do trono armênio agora ocupado pelo persa Artavasdes IV, foi para a Armênia e rapidamente levantou um exército e expulsou seus inimigos em 287. Quando voltou para a Armênia, Tiridates fez a cidade de Vagharshapat, sua capital do reino, como fora a capital de seu falecido pai. A aliança romano-armênia ficou mais forte, especialmente sob o governo do imperador Diocleciano (285 – 305). Isto pode ser atribuído à educação de Tiridates, as agressões constantes dos persas e o assassinato de seu pai por Anak. Com a ajuda de Diocleciano, Tiridates empurrou os persas para fora da Armênia. Em 299, Diocleciano deixou o Estado armênio quase independente e sob o protetorado de Roma possivelmente para usá-lo como um amortecedor em caso de um ataque persa. Tiridates casou-se com uma princesa dos alanos (povo nômade iraniano), Ashkhen, em 297 com quem teve três filhos: um filho chamado Khosrov III, uma filha chamada Salomé (que se casou com Rev II príncipe e corregente da Ibéria) e uma filha de nome não conhecido que se casou com Santo Husik I, um dos catholicoi (patriarcas) da Igreja Apostólica Armênia.
Ashkhen, rainha armênia posteriormente canonizada
A história tradicional da conversão do rei e da nação relata como Gregório, o Iluminador, filho de Anak, sendo um cristão convertido, sentindo culpa pelo pecado de seu próprio pai, entrou para o exército armênio e trabalhou como secretário do rei. O cristianismo na Armênia teve uma base forte até o fim do século terceiro, mas a nação em geral ainda seguiu o politeísmo tradiconal. Tiridates não era exceção, e também adorava vários deuses antigos. Durante uma cerimônia religiosa pagã Tiridates ordenou a Gregório que colocasse uma coroa de flores aos pés da estátua da deusa Anahit em Eriza. Gregório se recusou, proclamando a sua fé em Jesus Cristo. Este ato desgostou o rei cuja fúria foi agravada quando vários indivíduos declararam que Gregório era na verdade o filho de Anak, o traidor, que tinha matado o pai de Tiridates. Gregório foi torturado e finalmente lançado em Khor Virap, um calabouço subterrâneo.
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Atual Khor Virap, onde funciona um monstério, com o monte Arate ao fundo
Durante os anos de prisão de Gregório, um grupo de religiosas cristãs lideradas por Gayane veio à Armênia fugindo da perseguição de sua fé pelo governo romano. Tiridates ouviu falar sobre o grupo e a beleza lendária de um dos seus membros, Rhipsime. Ele a trouxe para o palácio e pediu para se casar com a bela virgem, que o recusou. O rei torturou e matou o grupo de religiosas. Após este evento, ele caiu doente e, segundo a lenda, adotou o comportamento de um javali, vagando sem rumo na floresta. Khosrovidukht, irmã do rei, teve um sonho onde foi informada que Gregório, que ainda estava vivo na masmorra, era o único capaz de curar o rei. Já passara-se 13 anos desde a sua prisão, e as chances de ele estar vivo eram pequenas. Eles o resgataram e apesar de estar incrivelmente desnutrido, ele ainda estava vivo. Ele foi mantido vivo por uma mulher de bom coração, que jogava um pedaço de pão em Khor Virap todos os dias para ele.
File:Grigor Illuminator baptizes Tiridates III of Armenia.jpg
O batismo de Tiridates III por Gregório, o Iluminador, por
Francesco Zugno (séc. XVIII)
Tiridates foi trazido até Gregório, e foi milagrosamente curado de sua doença, em 301. Persuadido pelo poder da cura, o rei imediatamente proclamou o cristianismo a religião oficial do Estado. E assim a Armênia se tornou o primeiro país a adotar oficialmente o cristianismo. Tiridates nomeou Gregório como catholicos (líder máximo) da Igreja Apostólica Armênia. A interrupção da tradicional religião pagã armênia pela oficialização do cristianismo não foi fácil. Tiridates muitas vezes teve que usar de força para impor a nova fé aos armênios e muitos conflitos armados se seguiram, porque o politeísmo estava profundamente enraizado no povo armênio. Uma batalha real ocorreu entre as forças do rei e da facção pagã, resultando no enfraquecimento da força militar politeísta. 
File:King Tiridates with his wife Ashkhen and sister Khosrovidukht by Naghash Hovnatan.jpg
Tiridates III, Ashkhen e Khosrovidukht retratados
 por 
Naghash Hovnatan em 1701
Tiridates assim passou o resto de sua vida tentando eliminar todas as crenças antigas e assim destruiu inúmeras estátuas, templos e documentos escritos. Como resultado, pouco é conhecido a partir de fontes locais sobre a história e cultura armênias antigas. O rei trabalhou arduamente para espalhar a fé e morreu em 330. O historiador Moisés de Chorene afirma que vários membros das famílias nakharar (nobreza armênia) conspiraram contra Tiridates e, eventualmente, o envenenaram. Tiridates III, Ashkhen e Khosrovidukht tornaram-se santos da Igreja Apostólica Armênia e sua festa é no sábado após o quinto domingo após o Pentecoste, geralmente em torno de 30 de junho, onde o cântico Para o Rei é entoado. Tiridates foi sucedido por seu filho Khosrav III, o Pequeno.
Ficheiro:Caucasus 300 map alt de.png
A Armênia e adjacências quando da morte de Tiridates III (330 d.C.)

FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Tiridates_III_of_Armenia
http://www.katieking.it/immagini/26/92673F[1].jpg
http://en.wikipedia.org/wiki/Gregory_the_Illuminator
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Kohrvirab.jpg
http://en.wikipedia.org/wiki/File:King_Tiridates_with_his_wife_Ashkhen_and_sister_Khosrovidukht_by_Naghash_Hovnatan.jpg

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